Escrevendo Histórias: Lourdes Ramalho, a dama do Teatro nordestino


Lourdes Nunes Ramalho nasceu no dia 28 de agosto de 1923, na cidade de Jardim do Seridó, fronteira do Rio Grande do Norte com a Paraíba. Vinda de uma família de artistas e educadores que lhe ensinou a amar a cultura popular, aos 23 anos, em 1943, casou-se com Luiz Silvio Rama, pai de seus filhos. Juntos, viveram em diversas cidades, mas fixaram residência em Campina Grande no ano de 1958. 

Com mais de cem obras produzidas ao longo de sua trajetória, a dramaturga teve seus primeiros contatos com o mundo da literatura ainda jovem, seu bisavô era violeiro e repentista, tinha tios cordelistas, atores e violeiros, já a mãe era professora e dramaturga, mas Lourdes só começou a despontar pelo cenário teatral e literário brasileiro a partir da década de 1970 com a peça Fogo-Fátuo (1974), que lhe rendeu o prêmio de melhor texto no I Festival Nacional de Arte de Campina Grande, na Paraíba. Em 1975 seria a vez de “As Velhas” ganhar o primeiro lugar no III Festival de Teatro Amador do Paraná, na cidade de Ponta Grossa. Com “A Feira”, no ano seguinte, recebeu o prêmio de melhor texto no Festival Regional de Feira de Santana, na Bahia. Sua produção sempre foi intensa, Lourdes tinha sempre uma nova ideia na mente. Em 1977, escreveu “Os mal-amados”. Dois anos depois, escreve “O arco-íris”, já em 1982, ela escreveu o monólogo “Guiomar sem rir, sem chorar”, A peça “Charivari” é publicada em 2002. Além das peças, livros também foram lançados, como “Flor de Cacto: viagem ao ignoto” e “Raízes ibéricas, mouras e judaicas do Nordeste”, este último é fruto de um longo estudo feitos por Lourdes à respeito de sua genealogia.  

Um acontecimento importante marca o ano de 1994, Lourdes passa a integrar a Academia De Letras de Campina Grande. E não para por aí, em 2007 ela também toma posse na Academia Brasileira de Cordel, estilo de literatura ao qual ela dedicou um maior tempo a partir da década de 90, chegando inclusive a escrever em versos como é o exemplo do “Romance do Conquistador”, levado em 1992 pela Embaixada da Espanha para representar o Brasil nos festejos de comemoração aos 500 anos da chegada dos Espanhóis à América. 

Em 2005, pela prefeitura Municipal de Campina, foi inaugurado, em sua homenagem, o Centro Cultural Lourdes Ramalho, local que oferece gratuitamente cursos de várias vertentes artísticas, como teatro, música, dança, e também é palco de apresentações. 

As obras de Lourdes foram reconhecidas não somente no Brasil, mas fora dele. Além dos prêmios nacionais, ganhou vários internacionais. Muitas de suas peças teatrais tornaram-se clássicos das artes cénicas, como ‘A Feira’, que já foi representada em diversos teatros ao redor do país. Esse reconhecimento e sucesso não abalaram a humildade de Lourdes, que se mantém pé no chão até hoje. Foi o que percebemos durante a inauguração da exposição no MAPP, onde Lourdes esteve presente e se mostrou extremamente sóbria e discreta em todo momento. Essa simplicidade da autora encanta a todos. 


No ano de 2011, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), homenageou a autora na 2ª Jornada internacional sobre Poéticas da Oralidade: Lourdes Ramalho e o teatro popular, visando valorizar o trabalho da artista que é tão importante para a cultura popular nordestina. A Universidade também tem uma parceria com a família de Lourdes para reeditar a obra da pesquisadora e publicar esse material em breve.

Atualmente, a escritora Lourdes Nunes Ramalho possui 95 anos e continua vivendo em Campina Grande, cidade que adotou como sua.


Produção:
José Pedro Da Silva Júnior
Rillary Martins

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