Resenha #230: A beleza é uma ferida - Eka Kurniawan

Título: A beleza é uma ferida
Autor: Eka Kurniawan
Título original: Cantik Itu Luka (2002)
Tradução: Clóvis Marques
Editora: José Olympio
Edição: 1
ISBN: 978-85-03-01305-5
Gênero: Romance indonésio
Ano: 2017
Páginas: 462

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RESENHA


Em A beleza é uma feria Dewi Ayu é uma prostituta e acaba de dar à luz a quarta filha. Ela pediu muito para que a filha nascesse feia, para afastar a família da maldição da beleza, e assim aconteceu. Quando a criança nasce ela não a vê, e tem certeza que a menina nasceu muito bela, assim como todas as outras, por isso dá o nome de Beleza. Dewi tem certeza que está prestes a morrer, assim depois de ter a filha, deita-se e espera a morte. Doze dias depois morreu.
"– Pobre bebê - repetiu a parteira, saindo em busca de alguém que cuidasse dele.
– Sim, pobre bebê - concordou Dewi Ayu, mexendo-se e revirando-se na cama.
– Já fiz o possível para tentar matá-la. Devia ter engolido uma granada para detoná-la na barriga. Oh, minha pobre coitadinha - os pobres coitados, como os malfeitores, não morrem tão fácil." Pag: 10


Mas, 21 anos depois de sua morte, Dewi Ayu levanta-se do túmulo para contar a própria história e desvendar alguns mistérios. Mas talvez a principal razão para o forte desejo de voltar à vida seja visitar Beleza. A vida da prostituta mais procurada da fictícia Halimunda, Dewi Ayu, e das quatro filhas é marcada por estupros, incestos, assassinatos e fantasmas – muitas vezes vingativos.

O romance de Eka Kurniawan tem forte referencia do folclore, tradições e superstições da Indonésia. O autor faz sátira e critica o passado conturbado da sua jovem nação: a ganância do colonialismo; a luta caótica para a independência; a ocupação japonesa; o assassinato de um milhão de “comunistas” em 1965, seguido por três décadas de governo despótico de Suharto.
 "Os bebês começaram a morrer e, depois, os velhos. A doença também matou jovens mães, crianças, mocinhas - qualquer um podia morrer a qualquer momento. O terreno atrás das celas foi transformado em cemitério." Pag:73
A beleza é uma ferida, é sem dúvida um livro forte, que traz cenas de violência e estupro, possui uma linguagem exótica e crua, trazendo originalidade e relevância para a literatura contemporânea. É uma ótima pedida para quem quer conhecer um pouco mais da literatura que fuja no eixo americano- europeu, conhecendo assim, a cultura de países diferentes. 

Resenhado por:
Elidiane Galdino



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