Resenha #246 : A Filha Perdida - Elena Ferrante

Título: A Filha Perdida
Autor: Elena Ferrante
Tradução: Marcello Lino
Editora: Intrínseca
Edição: 1
ISBN: 978-85-510-0032-8
Gênero: Ficção italiana
Ano: 2016
Páginas: 176
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RESENHA


A Filha Perdida é o primeiro romance que a Editora Intrínseca publica da tão renomada autora Elena Ferrante, cuja sua verdadeira identidade ninguém sabe. A obra, publicada originalmente em 2006, é o terceiro romance da autora, que fez bastante sucesso com sua série Napolitana (composta pelos livros A Amiga Genial, História do novo sobrenome, História de quem foge e quem fica e o quarto volume que está previsto para ser publicado pela Biblioteca Azul em 2017).
Em A Filha Perdida vamos conhecer Leda, um mulher beirando os cinquenta anos de idade e que resolve passar o veraneio em uma região praiana no sul da Itália. Ela é professora universitária de literatura inglesa e possui duas filhas já criadas que decidem morar no Canadá com o pai (o qual é separado de Leda). Sem responsabilidades, ela enxerga nessas férias uma oportunidade de renovar os ares, coisa que ela não fazia há um longo tempo por andar tão ocupada.

Já no primeiro dia em que vai à praia, ela começa a observar uma jovem mãe (Nina) e sua filha (Elena), juntamente com os demais membros da grande família agitada em que Nina está inserida. Leda fica fissurada na imagem das duas e começa a levantar pré-julgamentos acerca da mãe que brinca com a filha na companhia de uma boneca feia. É um cumplicidade que ao mesmo tempo causa uma repulsa e uma certa inveja em Leda daquelas dois seres.
"As coisas mais dificeis de falar são as que nós mesmo não conseguimos entender." - Pág. 6
Mas a medida em que as visitas a praia vão acontecendo, Leda se envolve com Nina e sua filha, de forma inesperada e nessa mesma linha, começa a nos revelar fatos de seu passado, pequenas lembranças de sua própria família (lembrando a de Nina) como também memórias da criação das filhas e é a partir desse instante que vamos adentrando no assunto que Elena Ferrante toca em seu romance: a maternidade nada romantizada. 

Vamos percebendo como foi duro para Leda abrir mão de tudo o que ela tinha para se doar às filhas e o quão a gestação pode ser perturbadora para uma mulher, porque diferente do homem, é ela quem tem uma toda transforação para gerar aquele pequeno ser. Sabemos bem que não é tão simples quanto parece. Os seios crescem, o corpo incha, a barriga estica, a mulher fica impossibilitada de realizar as suas atividades normais, e mesmo depois de expelir a criança (como Leda diz), ainda há todo o processo de cuidar, dar carinho e educar aquela criança à sua maneira, embora venha outros querendo quebrar a sua forma de educá-las. 
Leda fala das complicações que é ser mãe e se identifica muito com Nina (sendo Nina ela mesma, ou até mesmo uma filha que Leda nunca teve), talvez seja por isso que ela se aproxima da jovem, afim de evitar que aconteça o mesmo que um dia aconteceu com ela e suas duas filhas. Para abrir os olhos de Nina, que por ser tão jovem, não saiba das consequências de suas ação e também, para que a própria Leda não volte para casa com a cabeça mais pesada.
"Que bobagem pensar que é possível falar de si mesmo aos filhos antes que eles tenham pelo menos cinquenta anos. Querer ser vista por eles como uma pessoa e não como uma função." - Pág. 98
Elena Ferrante escreveu uma obra pequena e de escrita simples, mas rica em significados. Com uma prosa direta e envolvente narrado em primeira pessoa, A Filha Perdida é uma obra para adentrar no universo Ferrante.

Até logo,
Pedro Silva.

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1 Comentários

  1. Só posso dizer que Elena Ferrante não decepciona. Acho incrível como ela consegue expressar tanta humanidade real e verdade através de seus personagens e obras. Não vejo a hora de ler esse e todos os livros dela rsrsrs Sem dúvida uma das melhores escritoras da atualidade e uma das minhas favoritas!! Beijinhos!!

    www.facesemlivros.com

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