Resenha #243: O Violão Azul - John Banville

Título:  O Violão Azul
Autor: John Banville
Tradução: Cássio de Arantes Leite
Editora: Biblioteca Azul
Edição: 1
ISBN: 9788525059086
Gênero: Romance Irlandês
Ano: 2016
Páginas: 272
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Avaliação: 



RESENHA



"O Violão Azul", é o mais recente romance publicado no Brasil do irlandês John Banville, que ora e outra vive cotado a prêmio Nobel. Em 2005, seu outro romance chamado "O Mar", também publicado pela Biblioteca Azul,ganhou o Man Booker Prize.
Assim como em "Moby Dick", onde o narrador pede "Chamem-me de Ishmael", em "O Violão Azul", John Banville repete a mesma introdução com o dissimulado pintor Oliver Otway Orme: "Pode me chamar de Autólico". Ele sempre viveu uma vida regrada a seus vicio: o primeiro deles é a arte de roubar (ou gatunagem, como ele próprio diz) e o segundo, se apaixonar (além da pintura que está intrínseca em seu viver). Ele não rouba para o lucro, mas sim para alimentar um prazer que tem nesses momentos de emoção. São pequenas coisas como alfinete e estatuetas. Lembra muito a cleptomania.

Tudo passar a mudar quando ele, sem querer, uni as duas coisa ao se apaixonar pela jovem Polly, esposa, de seu melhor amigo, Marcus. Os pequenos delitos que ele cometia pensadamente a ponto de não deixar rastros pode ser desmascarado por esse deslize e com medo do que poderá acontecer, Oliver foge de sua esposa, Glória, do amigo traído e da amante em busca de refugio na casa onde passou boa parte de sua vida. Lá, ele escava memórias da família, perdido em si mesmo a espera de que alguém o resgate dele mesmo.

Não há uma história maior no livro, mas a bela prosa do Banville tem um tom envolvente que nos deixa imerso em sua história. A narrativa, em primeira pessoa, é um tanto desarrumada no sentido de não ser tão linear, já que há muito do passador de Oliver a ser contado por ele mesmo e através do foco nesse personagem, o autor consegue transmitir toda a complexidade construída. 

O narrador nos revela ser um narcisista obcecado nada confiável e é ele mesmo o ponto central da obra, ele quem vai discorrer sobre amor, paternidade, amizade, casamento e traição. Fora isso, a trama não é o mais importante. O foco mesmo é a escrita, estrutura e narrativa, que torna um livro de auto-afirmação de um autor extremamente talentoso com as palavras e a arte de descrever. 
A sensação que "O Violão Azul" passa é de esperança, com toda as recordações; nos lembramos mas não estamos presos no passado e, de uma forma ou outra, temos que continuar vivendo.

Eu recomendo muito para quem gosta de ser capturado pelo estilo da prosa, com uma trama simples que avança lentamente e com frases que ficamos repetindo várias vezes pela sua sonoridade. Uma leitura agradável que proporciona uma excelente visão da temerosa mente humana.

Até logo,
Pedro Silva



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