Resenha #217 :Corte de Névoa e Fúria - Sarah J. Maas

Título: Corte de Névoa e Fúria
Série: Corte de Espinhos e Rosas # 2
Autor: Sarah J. Maas
Editora: Galera Record
Tradução: Mariana Kohnert
Edição: 1
ISBN: 9788501076601
Gênero:  Fantasia / Jovem Adulto
Ano: 2016
Páginas: 658
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Avaliação: 



RESENHA


“O amor pode ser um veneno."
Feyre enfrentou batalhas arrasadoras Sob a Montanha. Enfrentou provações que jamais imaginou enfrentar e lutou a todo custo para proteger aqueles que amava. Esses sacrifícios destruíram ela completamente. Agora, meses depois, precisa tentar lidar com as cicatrizes que sobraram depois de tanta angustia e dor. Sua relação com Tamlin não anda bem ultimamente. Sentindo-se cada vez mais sufocada, perseguida pelos pesadelos de um passado que não quer se esquecido, a garota começa a fazer novas descobertas sobre si e o quão diferente está após tudo que aconteceu. Presa ao trato que assinou com o Senhor da Corte Noturna, ela senti-se dividida. Por mais que tenha lutado por Tamlin, não pode negar que sente-se livre e diferente ao lado de Rhysand. Quais caminhos seu futuro deve seguir? Beirando uma nova guerra entre os féericos e os humanos, Feyre não será apenas uma forte aliada, como também a chave para talvez, salvar o mundo que conhece. No primeiro livro ela lutou pelo seu amor... Agora precisará lutar pela sua liberdade.
Embora o livro anterior não tenha me agradado tanto, é com confiança que digo que o segundo superou, melhorou e tornou o ar da história muito mais voltado para a fantasia que eu esperava encontrar. Sarah J. Maas fez um trabalho impressionante reconstruindo tudo o que conhecíamos. Se você é fã de 'Trono de Vidro', provavelmente vai identificar elementos das mesmas rupturas que a saga tem. Em 'Corte de Névoa e Fúria' temos uma leitura recheada de momentos eletrizantes, cheios de novidades com um romance forte e atraente.

“Palavras demais; eu tinha palavras demais em mim."
Narrado em primeira pessoa, iremos acompanhar o desenrolar da história justamente de onde o último acabou, poucos dias após o desfecho de 'Corte de Espinhos e Rosas'. Sem me ater muito aos detalhes para não dá spolers, posso dizer que a primeira parte desse segundo volume, a mim, foi a mais interessante. Dividido em dois grandes momentos, 'Corte de Névoa e Fúria' faz o leitor mergulhar ainda mais fundo na personagem e conhecer as consequências de tudo que restou dela depois de tantas provações enfrentadas. Veremos duas Feyre diferentes se mostrarem nesse livro e isso é um aspecto extremamente interessante. Maas não economizou esforços para retratar da maneira mais crua possivel todas as cicatrizes que a protagonista passa a carregar após sua luta com a vilã no livro anterior. Teremos uma amplitude ainda maior de construção psíquica, de forma que você conhece a narradora ao fundo.
“Há dias bons e ruins para mim. Mesmo agora... Não deixe que os dias ruins vençam."
Como mencionei acima, esse segundo volume também rendeu uma imensa ruptura em tudo que já conheciamos. Aqui o coração de Feyre volta a ficar dividida na formação do triângulo amoroso da série, e por mais que eu odeie esse clichê, nessa obra em particular, Maas soube construir bem as repartições, sem deixar os relacionamentos abertos ou forçados. Pelo contrário, tudo vai acontecendo com tantas espontaneidade que o leitor se pega sem saber para quem torcer ou como lidar com os dilemas da protagonista. Por um lado temos o personagem Tamlin, por quem passamos o livro anterior inteiro conhecendo e aprendendo a gostar; por outro temos Rhysand, um personagem que roubou cena já no primeiro livro e agora retorna como figura de extrema importância na obra, entrelaçando-se no contexto e sendo amplamente explorado durante toda a narrativa.
O livro tem nada menos, nada mais que quase 700 páginas (é um tijolo), e confesso, que infelizmente, comigo, a leitura não fluiu, a todo instante, como o esperado. Em algumas partes eu empaquei um pouco devido a todo o foco que a autora forneceu ao romance, transformando algumas passagens em repetitivas ou desnecessárias. Maas constrói tão bem a relação de  Rhys e Feyre durante as 200 primeiras páginas, que as 200 últimas se tornam irrelevante. Talvez, essa ressalta para o envolvimento dos dois tenha sido uma jogada para mostrar ao leitor a intensidade com que tudo acontece. E acreditem, esses dois pegam fogo! O livro, com certeza, não está recomendado, pelo menos para mim, para leitores menores de 18 anos, já que as cenas de sexos são explícitas, até demais. Esse foi um ponto que me deixou desconfortável, devido a tanta informação, descrição e espaço que esses trechos possuem na obra. Além disso, uma cena em particular, gerou também uma antipatia gigantesca em mim, chegando a ser grotesca demais, causando-me um pouco de náusea. Como eu disse, Maas quis ser o mais polida possível; crua, tornando certos instantes da leitura, extremamente fortes e pesados, para uma leitura, que ao começo, pareceu tão mais leve. Só digamos que essa cena de "pegação" mais pareceu um estrupo.

Mas tirando esse fator da sexualidade (que não me agrada muito, já que ao meu ver deixa as coisas um tanto banal quando é muito descrito), eu amei, em especial, a construção dos personagens secundários, e a ênfase para o seu crescimento durante o enredo. Todos foram bem descritos, acrescentados e explorados, e embora o foco não seja os seus passados, a autora também investiu alguns capítulos para mostrar mais deles, trazendo diálogos divertidos ou memoráveis. Sua exploração aos coadjuvantes não é menos do que brilhante.
A edição, muito bem produzida, vem recheada de detalhes que fazem toda diferença no conforto visual do leitor. Tendo capítulos marcados com desenhos especiais, mapa e uma capa realmente atrativa, o único ponto na diagramação que não me agradou muito, ou que achei que foge ao contexto, foi a palheta de cores, e não que tenha ficado feia, mas porque realmente não combinaram, no meu pensamento, com o que o livro trata, de forma que acho que as cores dessa capa se assemelharia melhor na do primeiro, e a do primeiro no segundo (tem relação com as Cortes de fadas envolvendo os personagens Tamlin e Rhysand). Digamos que elas refletem um pouco da personalidade que os personagens masculinos do triângulo mostram ter em seus territórios. Como esse livro centra  Rhysand, o roxo da primeira capa, teria se acentuado mais, eu acho.

“Quando se passa tanto tempo preso na escuridão, se percebe que a escuridão passa a olhar de volta."
Sem muito mais enrolar, 'Corte de Névoa e Fúria' trabalha não só o crescimento da personagem, mas seu empoderamento. Embora seja um livro de romance, nesse segundo volume fica claro que Feyre está muito acima desse triângulo e que ela tem potencial para evoluir ainda mais. Visualizamos uma crítica a uma sociedade machista, opressora, que faz a distinção pelo gênero, e ao mesmo tempo, uma  protagonista que tenta enfrentar, combater, esses costumes arcaicos que permeiam seu novo mundo. Com certeza, não menos que brilhante, mas imperdível para os fãs de fantasia, romance, e também, talvez, os leitores de eróticos, embora esta não seja a principal temática tratada aqui.

Resenhado por:
David Andrade.

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3 Comentários

  1. Oi, terminei de ler o livro ontem e amei. A sua critica achei muito boa, mas fiquei intrigada na parte na qual você se refere a uma cena de pegação que pareça um estupro, pois ao meu ver nenhuma delas teve esse caráter. Você poderia me dizer qual cena foi? Desculpa se posso parecer uma chata, mas fiquei realmente intrigada

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  2. Oi, terminei de ler o livro ontem e amei. A sua critica achei muito boa, mas fiquei intrigada na parte na qual você se refere a uma cena de pegação que pareça um estupro, pois ao meu ver nenhuma delas teve esse caráter. Você poderia me dizer qual cena foi? Desculpa se posso parecer uma chata, mas fiquei realmente intrigada

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  3. Oi, acabei de ler o livro e Ameiiii. Gostei muito também da sua critica, mas fiquei intrigada na parte em que você se refere a uma cena de pegação que ao seu ver pareça um estupro, pois para mim nenhuma delas teve esse caráter. Você pode dizer qual cena foi essa, pois fiquei realmente intrigada.

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