Resenha #208: O Herói Improvável da Sala 13B - Teresa Toten


Título:  O Herói Improvável da Sala 13B
Autor: Teresa Toten
Editora: Bertrand Brasil
Tradutor: Rodrigo Abreu
Edição: 1
ISBN: 9788528620603
Gênero: Romance Estrangeiro / Ficção
Ano: 2016
Páginas: 320
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Avaliação:

 



RESENHA


Humanamente tocante, tendo uma narrativa leve, bem semelhante ao um chick-lit, mas tratando de tons pesados sobre uma doença completamente perturbadora, 'O Herói Improvável da Sala 13B' é um livro doce, apaixonante e muito viciante.
Adam Spencer Ross está a beira de pirar. Depois de mais um surto com sua esquisitice por causa de seu TOC, sua mãe e o restante de sua família acredita que um grupo de apoio talvez seja a solução "milagrosa" que todos procuravam,  de forma que o garoto possa liberar toda a ansiedade que lhe domina diariamente e causa suas compulsões. Eles não poderiam estar mais errados... E ao mesmo tempo mais certos. Quando Robyn Plummer se junta ao grupo, Adam perde seu chão. É com ela que ele quer ficar; é a ela que ele quer salvar e proteger, sendo seu Batman para a sua Robin. Mas em meio a tantas loucuras que existem em sua vida (irmão mais novo também com TOC, pai distante e mãe neurótica), seria ele capaz de resistir a essa paixão e se passar por um garoto normal?

Narrado em terceira pessoa, a história de Teresa Toten é viciante e envolvente. Tratando de um tema complicado como os sintomas do TOC, a autora consegue pincelar a narrativa entre momentos de muito humor e leveza, com cenas realmente mais densas, emotivas. Sua construção de personagens e de trama são realmente sólidas, sem buracos ou momentos que possam ser considerados desnecessários. A autora trabalhou excelentemente todos os pontos, em especifico, o tema central desse sick-lit, que é falado de forma crua, direta sobre TOC, mas não só focando a doença em si (como  aconteceu em outra obra com a mesma temática, 'Uma História de Amor e TOC',  publicado aqui no Brasil pela Editora Galera Record).
Me apaixonei completamente por todos os personagens criados por Toten, desde os dois protagonistas, aos mais figurantes na trama. A ideia de usar nomes de super-heróis em personagens humanizados, cheio de defeitos, foi realmente brilhante. Esses "defeitos" (as suas compulsões no caso) são geralmente contraditórias aos nomes dos super heróis entre o universo Marvel/DC que os personagens começam a aderir. Adam por exemplo, intitula-se Batman, mas não é sombrio ou solitário como o protagonista, pelo contrário, em boa parte do enredo ele é amável extremamente engraçado e culpa-se de muita coisa, como se carregasse o mundo em suas costas. São esses fatores que ativam suas compulsões. E como se sua situação já não fosse complicada, a autora ainda explora um relacionamento conturbado entre o garoto e sua mãe, sem saber lidar com  a instabilidade emocional dela, que após o divórcio, parece ter ficado um pouco confusa e neurótica. Além disso, Adam ainda ajuda o irmão mais novo, que com apenas cinco anos, sofre também de transtorno obsessivo compulsivo, e fica extremamente agitado em grande parte do tempo. Esse ponto em particular é o lado mais emocionante da história. A relação dos irmãos é muito verdadeira. Vê o quanto o laço entre os irmãos é forte, e o quanto eles vão se intensificando conforme a trama vai se desenvolvendo é incrivelmente lindo e tocante.

O mesmo pode ser dito sobre Robyn. Ela é uma personagem autêntica, maravilhosamente construída, e em certos diálogos, muito sábia e complexa. Em algumas de suas passagens, a personagem me lembrou Margo, protagonista de 'Cidades de Papel', do autor John Green. Mas não a Margo chata, e sim uma Margo muito mais divertida e desenvolvida. 

Embora a primeira vista a interação entre Robyn e Adam possa parecer forçada, o enredo vai trabalhando melhor a questão, deixando o leitor com mais clareza, conforme a obsessão do personagem masculino vai realmente se transformando em um afeto maior; a relação entre os dois vai se construindo belamente e tomando sentido.
Toten trouxe-me uma leitura muito agradável e reflexiva, levantando questões que lidam especialmente com situações familiares, impondo os limites ou mostrando que a certos instantes, não importa o quanto a pessoa seja importante para você, é preciso intervir e deixá-la ir. E não imagine algo idealizado ou um amor bobo como acontece na grande maioria dos sick-lit, onde a doença une esses personagens. Pelo contrário. O final de 'O Herói Improvável da Sala 13B' passa longe disse, conseguindo surpreender e ao mesmo tempo, emocionar. Me apaixonei não só pela edição, mas também por todo o plano de fundo e personagens que essa cativante obra tenha tentado mostrar. É um livro belo, que ao meu vê, todos deveriam ler, e não só pelo romance envolvente, e sim para tentar compreender as dificuldades que uma pessoa tem sofrendo de transtorno obsessivo compulsivo.

Resenhado por:
David Andrade



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1 Comentários

  1. Nossa, esse livro deve ser, realmente, cheinho de emoções. Nunca li algo com o tema, deve ser de partir o coração! Mas é muito bom ter obras desse tipo, são assuntos pouco falados e tão importantes, não conhecia o livro e fiquei muito interessada. Não conhecia o blog de vocês também, haha, gostei bastante. Sucesso!

    (letitbela.com)

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