Resenha #101: Festim das 12 Cadeiras - Elvis delBagno


Lido em: Julho de 2015
Título: Festim das 12 cadeiras
Autor: Elvis delBagno
Editora: Schoba
Gênero: Ficção / Sátira
Ano: 2015
Páginas: 164

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Avaliação:  
    






Resenha:

Festim da 12 Cadeiras nos traz a história de Laerte e Carlos, um casal homossexual riquíssimo e badalado, que todo ano realiza um jantar especial para convidados da high society. Para um desses jantares, o casal decidiu comprar um conjunto de doze cadeiras russas, as únicas que existem em todo o planeta, simplesmente para 'ostentar'. Entretanto, ao receberem o conjunto, constatam que há algo de errado com uma das cadeiras: o assento está duro, como se houvesse algo dentro do assento. Decidem então investigar e, entre várias teorias e possibilidades, resolvem abrir o estofado para verificar o que realmente está ali dentro. 

Descobrem então um tesouro. Já estando saturados de tanto dinheiro, decidem fazer uma espécie de sorteio: o convidado que sentar na cadeira premiada poderá ficar com a fortuna que há nela. Todavia, não poderia ser tão fácil, não é mesmo? Que graça teria? Sendo assim, decidem colocar apenas onze cadeiras na mesa do jantar e, aquele convidado que for altruísta o bastante para ceder seu lugar aos outros convidados e acabar de pé, tendo que arrastar a cadeira isolada, ganharia o tesouro, avaliado em R$100.000,00.

Porque Deus não observa cada um de nós com um caderninho em mãos, anotando nossas fragilidades. Isso é uma herança da Inquisição, que torturava, queimava ou trancafiada seres humanos em um porão porque eles não se adequavam a tais conceitos religiosos. Onde está a liberdade para se pensar?


Com uma escrita ritmada, simples e cativante, delBagno nos oferece um enredo recheado de passagens irônicas e com humor pesado. Entretanto, em muitos momentos senti que o autor se perdeu na narrativa. Seus personagens, embora bem construídos e descritos, são excêntricos até demais, principalmente se for levado em consideração que eles são da alta sociedade. Creio que sua intenção era a de explicitar que, mesmo com todos os títulos, a nobreza é tão humana como todos nós, tendo suas qualidades e, especialmente, seus defeitos. De toda forma, essa construção deu a obra um toque de "forçação", deixando tudo um pouco 'artificial' demais.


Devo admitir que fiquei até o último capítulo roendo as unhas (literalmente) para saber qual dos convidados ficaria com o prêmio. O autor consegue nos deixar em desespero, a ponto de querer pular rapidamente para a última folha para saber o desfecho da obra. Porém, para ser sincero, me decepcionei com o encerramento. Creio que esse seja um daqueles finais que ou você ama, ou você odeia. Há também, de forma sortida entre as 164 páginas do exemplar, notas e comentários do próprio autor, dando à história um tom leve e descontraído.

"Podem ser diferentes as coisas nas quais as pessoas acreditam, mas no final elas dão no mesmo lugar: elas só querem imaginar que a morte não seja o fim. Querem uma segunda chance para fazer tudo novamente, evitando os erros que possivelmente não conseguiriam evitar."
Imaginei que o enredo se desenvolveria de outra forma. Esperei, durante o decorrer da narrativa, que o autor abordasse um pouco a história do casal protagonista ou até mesmo escrevesse sobre temas relacionados à sexualidade, mas delBagno foi bastante superficial nesse quesito. De resto, admito que esta não foi uma das leituras mais proveitosas que tive durante o ano, mas com certeza foi uma das que mais me arrancou risadas e me fez refletir acerca da sociedade moderna e louca em que vivemos.

Nunca havia tido a oportunidade de ler um livro publicado pela Editora Schoba, embora tenha um outro em minha coleção. Fiquei admirado com o trabalho da editora: toda a arte gráfica do exemplar está impecável, sem falar do material de primeiríssima qualidade utilizado na obra.

Para todos os efeitos, é mais que recomendada a leitura de "Festim das 12 cadeiras". Um livro leve, surpreendente e tragicômico, com pitadas de ironia, críticas sociais e de humor, capaz de fazer qualquer leitor dar belas gargalhadas.

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Elvis DelBagno é um cineasta independente que produz seus próprios projetos desde 2008, ano em que se formou em Cinema pela Anhembi Morumbi/SP. Em 2014 realizou o primeiro longa-metragem fan-film do mundo usando o personagem Batman e atualmente se dedica também à literatura.




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Até logo,
Sérgio H.

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1 Comentários

  1. Ah, esse final tem deixado quase todo mundo de cabelo em pé! hahahah. Fico feliz em ver o livro por aqui, Sérgio. Até a próxima! Abraços!

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