Resenha #58: Os Defensores - Museu de Ladrões - Lian Tanner


Lido em: Fevereiro de 2015
Título: Os Defensores - Museu de Ladrões
Autora: Lian Tanner
Editora: Farol Literário
Gênero: Infanto-Juvenil
Ano: 2012
Páginas: 352


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Avaliação:   




Resenha:

Na cidade de Jewel, tudo acontece de forma "certinha" demais. As crianças, até terem doze anos de idade, são obrigadas a andar sempre acorrentadas aos seus pais ou Guardiões Abençoados, pessoas que trabalham de forma integral cuidando dos pequenos de toda a cidade. O motivo é simples: os adultos não querem que suas crianças corram perigos, de nenhuma forma que seja. Tesoura? Nem pensar! Andar sozinho? Você está maluco? E se mercadores de escravos te sequestrarem? Ao atingirem a idade designada, as crianças passam por um ritual de Separação, onde enfim conseguem se livrar das amarras.

Goldie Roth encontrava-se em êxtase, já que seu dia de ser separada havia chegado. Estava farta de andar acorrentada e de sofrer maus tratos de seus cuidadores: a Guardiã Esperança e o Guardião Consolo. Entretanto, algo inusitado acontece, deixando toda a cidade em estado de alerta e, consequentemente, interrompendo e cancelando o ritual. Irritada com toda a situação e com uma voz sussurrando incessantemente no interior de sua cabeça para que ela fuja dali, a garota consegue se libertar e tenta partir, sozinha, para a cidade vizinha, onde alguns de seus familiares moram; local onde não há regras tão severas como em Jewel. Com medo de ser pega pelos Guardiões Abençoados ou pela polícia, a garota se esgueira em cada canto da cidade e acaba sendo conduzida, inconscientemente, ao Museu de Dunt, local onde ela descobre coisas que nunca achou que, de fato, existiam.


Durante o decorrer da leitura, percebemos que o Museu não é como outro qualquer. Suas salas parecem todas iguais e se perder dentro dele é uma coisa fácil. Com um toque de fantasia (e magia), acompanhamos Goldie e Toadspit, personagens principais desse livro, em uma aventura sem precedentes pelo grande Museu de Dunt.

Comecei a leitura do meu exemplar sem muita expectativa e, de cara, acabei gostando da linguagem simples que o livro possui, Embora seja caracterizado como infanto-juvenil, conseguimos distinguir nele certos traços distópicos, onde podemos ler críticas sutis à sociedade, em especial aos pais super protetores e pessoas que, por medo e/ou criação, acabam prendendo psicologicamente as crianças e as impede de crescer. Outra crítica leve presente na obra é com relação a religião: a autora explicita que muitos a usam para fazer coisas em benefício próprio, sustentando suas vontades em nome de deuses.

Mesmo havendo em cada início de capítulo uma imagem dos personagens presentes no enredo, achei que a descrição por parte da autora ficou muito vaga, deixando o leitor sem uma imagem concreta de como seria Goldie, seus pais, os Guardiões ou qualquer outro personagem, seja principal ou secundário.

"- Claro que eu não estou dizendo que seja uma boa coisa dar responsabilidades tão pesadas a uma criança. Elas precisam ter o direito de ter infância. Mas também precisam ter a possibilidade de encontrar sua coragem e sua sabedoria e aprender quando enfrentar e quando fugir. Afinal de contas, se não tiverem permissão para subir em árvores, como vão poder enxergar o mundo tão grande e maravilhoso que se estende bem na sua frente?"



Os Defensores me pareceu uma mistura de três coisas que amo: distopia moderna, o filme "Uma noite no Museu" e os livros da série "Desventuras em série". Entretanto, o fato de se parecer com essas três coisas citadas acima não tirou, em momento algum, a originalidade da obra. Nunca vi nada do tipo no meio literário e devo afirmar que me surpreendi positivamente com o livro. 

Uma das coisas que mais chamou minha atenção durante o decorrer da leitura foi a capacidade que a autora possui em nos mostrar a evolução significativa e gradual de Goldie que, no início do livro, se mostrava uma menina medrosa e indefesa e, no término, uma guerreira nata, com poucos medos dentro de si.

O final do livro não deixa a desejar, já que é o primeiro de uma série. No entanto, muitas coisas não foram totalmente explicadas, deixando pontas soltas para o próximo volume. Estou ansioso para ler a continuação e saber se a autora, de fato, irá concluir os pensamentos que abriu no primeiro livro ou se infelizmente os deixará passar, admitindo trechos inacabados em sua obra.

"Eles tentaram paralisar a vida. Eles queriam estar completamente seguros e serem felizes o tempo todo. O problema é que o mundo não é assim . Não é possível que montanhas altas existam sem vales profundos. Não é possível ter grandes alegrias sem grandes tristezas. O mundo nunca está imóvel. Passa de uma coisa à outra, para frente e para trás, como uma borboleta que abre fecha suas asas."


Não se engane: Os Defensores - Museu de Ladrões não é apenas um livro infanto-juvenil. É uma obra repleta de passagens fortes, que fazem com que o leitor prenda a respiração de tanta aflição. Uma aventura inimaginável que nos ensina sobre coragem, amizade e, acima de tudo, amor por aquilo que acreditamos. Mas nem tudo são flores... morte, inveja e traição estão, aos montes, nesse pequeno e delicioso livro.

No quesito "qualidade do exemplar", a Farol Literário deixou um pouco a desejar. Embora todo o material interno do livro seja fantástico e a arte da capa inovadora, a ausência de orelhas me fez ficar um pouco desanimado, já que as extremidades acabam ficando um pouco desgastadas. No mais, gostaria de dizer que indico a leitura da obra para todas as idades e gêneros, mas em especial para aqueles que adoram uma boa aventura!

Até logo,
Sérgio H.

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21 Comentários

  1. Eu topei com esse livro uma vez na livraria e fiquei bem curioso, posso dizer que a capa me chamou bem a atenção. Pelo que você comentou, parece que o livro irá me agradar, pois adorei Uma Noite no Museu e apesar de não ter lido o Desventuras em Série, sei que é o tipo de livro que me agrada.
    As críticas à sociedade e à religião também podem tornar o livro ainda mais interessantes. Acho que vou colocar ele na lista de leitura, mas volto a analisar depois que sair o segundo, para ter uma ideia se a autora conseguiu manter a qualidade e amarrar as pontas soltas no segundo volume.

    Abraços e parabéns pela resenha,
    Thiago - Blog GentleGeek

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  2. Oi Sérgio, tudo bem?
    Achei o enredo do livro bem interessante e Goldie parece ser uma personagem bem legal de se acompanhar em uma história. Fiquei bem curioso com o destino final dela, e com a comparação que você fez de um gênero, um filme e uma série, me deixou mais curioso ainda, já que gosto de tudo que citou. Espero ter a chance de ler esse livro.
    Abraços.
    http://www.ler-e-ser-feliz.blogspot.com.br/

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  3. Ei Sergio!
    Ahh cara, infanto juvenil é comigo mesmo. Achei que talvez pelo fato de você não gostar muito desse tipo de historia, o enredo nao tenha te cativado 100%, mas eu provavelmente ia amar <3 Já gostei dos personagens, e essa ediçao. Gente, parece um livro antigo <3 Vi de perto na livraria e achei fantastica. Além disso, pegada meio distópica? Alguém ai falou distopia? (PS: Aceito de presente) KKKKKK

    Abraços
    David Andrade
    http://www.olimpicoliterario.com/

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  4. Oi, Sérgio! Tudo bem?
    Acredita que eu não conhecia esse livro? Pois bem, fiquei encantada com essa capa, tem todo um detalhe de desgastado, adorei isso, tanto quanto adorei as fotos (Preciso saber o segredo para tirar fotos incríveis e lindas como essas que você tirou rs).
    Confesso que se me deparasse com esse livro por aí, eu não daria a mínima atenção, mas sua resenha me convenceu que é um livro bom, e mesmo não lendo muito infanto-juvenil, eu fiquei interessada, ainda mais por conter pequenos traços distópicos, enfim, adorei! Dica anotada!!

    Beijos!

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  5. Oi Sérgio. Tudo bem?

    Fiquei bem interessada na leitura desse livro, já tinha visto ele na blogosfera mas não tinha muita noção do enredo. Esse lado meio distópico me chama a atenção, e fiquei horrorizada com as crianças acorrentadas. Realmente não gosto de livros sem orelhas, me deixa nervosa. Mas fiquei bem interessada na leitura.

    Beijos
    Leitora sempre

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  6. Olá

    Ainda não li Desventuras em Série, mas morro de curiosidade. Gosto apenas do primeiro Uma Noite no Museu e até que gosto de uma distopia moderna. Acho que tenho grandes chances de acabar gostanto desse livro. Ele me atraiu bastante só pela capa e se tem uma narrativa bacana é capaz que eu goste mesmo. Já anotei a dica.

    Abraço!
    www.umomt.com

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  7. Olá =)

    Desventuras em Série é amor demais, li quando tinha uns 12 anos <3 Preciso comprar o box dessa série agora e reler todos! Confesso que não sou muito fã de "Uma Noite no Museu" e até gosto de distopias modernas. Gostei bastante da sua resenha e acredito que os meus alunos também iriam gostar :} Dica anotada!

    Beijos, Rob
    http://estantedarob.blogspot.com.br

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  8. Oi Sérgio, tudo bem?
    Sua resenha ficou ótima, eu fiquei super empolgada para ler esse livro. É a minha cara!!!!Eu não conhecia, o que já me indicaram muito foi a série desventuras em série, então, se é no mesmo estilo tenho certeza de que irei adorar. E eu vi o filme uma noite no museu e gostei muito. Agora, o que chamou minha atenção foi o fato desses guardiões maltratarem as crianças. Eles usam o argumento de que precisam protegê-las e se tornam seus carrascos? Como assim? Não vejo a hora de ler.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  9. Ola Sérgio, como assim andam acorrentados já fiquei curiosa com esse fato, adoro livros desse gênero . O fato da protagonista evoluir e amadurecer no livro já ganhou muitos bons e vou anotar para ser com certeza . Essa mistura de livros já garante muita aventura. abraços

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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  10. Oi Sérgio!
    Cara, adorei esse enredo. Realmente nunca vi nada do tipo, algo muito original. Vou anotar a dica.
    Abraços

    www.estantejovem.com.br

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  11. Só de olhar a capa já dar para saber que o livro é bem divertido. Adoro histórias infanto-juvenil e vou anotar essa dica.

    Abraço

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  12. Olá Sergio, o livro parece ser bem legal e com uma grande aventura, adoro a escrita simples dos infanto-juvenis <3 Também fico incomodada se o livro não te a orelha, acaba danificando mais fácil a capa assim...

    Visite "Meu Mundo, Meu Estilo"

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  13. Oi Sérgio, tá aí um livro que eu compraria só pela capa e leria só pela sinopse. Curti muito a história, com certeza o livro já está entrando para minha lista de desejados!

    Bjs, Glaucia.
    www.maisquelivros.com

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  14. Nossa, nunca ia imaginar que o livro não tem orelhas, todos os da Farol que tenho são impecáveis. Curti bastante a premissa e os temas tratados, mesmo sem as orelhas com certeza vou querer ler, adoro livros que fazem a gente prender a respiração de tanta aflição! rs...

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

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  15. Nossa, Sérgio. Vc mudou minha visão sobre esse livro. Tinha visto no catálogo da Farol, mas nem pensei em pedir porque achei que ia ser bolinho, mas só de usar a palavra distopia já me conquistou. Gostei dessas 3 comparações, mas gostei ainda mais de saber que essa mistura tornou o livro único e inovador. Vai pra listinha com certeza!
    Beijinhos!
    Giulia - www.prazermechamolivro.com

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  16. Olá, Sérgio!
    Nossa o livro realmente parece ser especial, só a capa e sinopse já atrai, né!?
    Mas por tudo mais que vocês nos contou, parece mesmo ser uma história sensacional.
    Eles andam acorrentados!? Oi? rsrss Fiquei bem curiosa com esse livro.
    Vou anotar pra uma futura leitura.

    Beijinhos
    Jaque - Meus Livros, Meu Mundo.

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  17. eu n sei pq mas a ausência de orelhas nos livros me deixa chateada sabe.
    eu gostei da capa do livro e achei a história bastante interessante, principalmente o fato deles andarem acorrentados a pessoas. tem treta nisso hein haha.
    no mais acho que pretendo ler o livro!
    Seguindo o Coelho Branco

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  18. Olá, tudo bom?
    Eu já tinha visto ete livro em algum canto, mas eu não dei importancia pra ele.
    Uma coisa que havia me chamado a atenção era a capa. Acheio bem legal a forma que eles a criaram.
    Não sabia da história e gostei e muito.
    Que coisa mais estranha as crianças serem acorrentados aos tutores O.O
    Mas isso acontece na vida real também, só que sem amarras.
    E essa mistura que você citou é super bacana :D
    Só é ruim que não tem orelhas Y.Y
    bjs

    www.horadaleitur.blogspot.com.br

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  19. Sergio, por um minuto eu pensei que fosse o primeiro livro de Desventuras em série rs.
    Eu nunca soube o que esperar desse livro. Achava ele bonitinho e tudo o mais, porém sem grandes expectativas. Você acaba de mudar isso! As comparações que você fez foram ótimas e despertaram meu interesse. OK, só a distopia já faria isso, mas o conjunto das três me parece perfeito. Algo que não lembro de ter visto.

    Beeeijinhos ;*
    Andressa - Mais que Livros

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  20. Olá Sérgio, tudo bem?
    Bom não curto muito esse tipo de leitura, mas ando me arriscando... esse até que me chamou atenção, não sei se chegarei a ler... mas...
    A premissa é interessante levando em consideração a questão das correntes rs.... fiquei boba com isso viu... pelo que percebi tem muita aventura e crescimento da personagem, o que é bom... porque anima mais... pena que o livro não tem orelha.... Xero!!

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  21. Oiii
    Adorei o enredo a história! Amo Uma noite no museu e Desventuras em Série, e essa mistura deve ter ficado muito boa no livro.
    A capa é linda, parece que está desgastada, nunca vi nada parecido. Amei suas fotos também.
    Quero muito ler!
    Parabéns pela resenha!

    Beijos
    http://www.sacudindoaspalavras.com.br/

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