Resenha #308: As Invernas - Cristina Sánchez-Andrade

Título: As Invernas
Autor: Cristina Sánchez-Andrade
Tradução: Fátima Couto
Editora: Tordesilhas
Edição: 1
ISBN: 978-85-8419-047-8
Gênero: Romance espanhol
Ano: 2017
Páginas: 280

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Avaliação: 





RESENHA


Duas irmãs. Saladina e Dolores, retornam a terra natal cerca de três décadas após terem sido enviadas pelo avó para a Inglaterra no período obscuro da Guerra Civil Espanhola.  Lá tiveram contato com os filmes de Hollywood e se apaixonaram pela sétima arte, chegando até a atuar. Essa paixão entre as irmãs é descrito como a única coisa em comum em meio aos traços opostos. “A alta e a não alta; a bonita e a feia; a que toma café da manhã e a que em vez disso come miolo de pão com vinho; a que tem dentes e a que os perdeu mordendo o pão preparado com pedra. A que é virgem e a que sabe Deus o que será...”. 

O retorno das invernas, como são chamadas pela população local, causa reboliço no povo de Terra Chã. Eles têm seus segredos guardados a sete chaves e selam suas bocas para que nada escape.  Isso porque, em vida, o avó das irmãs comprava os cérebro das pessoas afim de fazer estudos científicos após a morte delas por meio de contratos e a maioria dos moradores tinha feito acordo com ele. Mas desde de que o avó morrera durante a Guerra Civil Espanhola, os contratos sumiram, assim, com a volta de Saladina e Dolores o medo ressurgiu. Mas o que o povo de Terra Chã não sabe é que as irmãs também têm seus segredos.
Desde que elas haviam chegado, a gente de Terra Chã não tirava os olhos delas, não fazia outra coisa alem de espiá-las, mas ninguém tinha coragem para falar com elas cara a cara. (p. 27)
Este é um dos últimos trabalhos publicados de Cristina Sánchez-Andrade, autora espanhola tida como uma das melhores escritoras da Espanha. Sua escrita é cheia de descrições que dão força a evocação de imagens profundas durante o romance. Ela vai desenhando e dando feições aos lugarejos da aldeia e nos introduzindo em uma atmosfera enevoada, onde vamos adentrando e nos acostumando aos poucos a enxergar o que ela nos diz. 
'As invernas' é narrado em terceira pessoa de forma não linear em capítulos curtos que recebem ilustrações de casas feitas por Penndpaper (assim como as ovelhas da capa). Os acontecimentos do passado são introduzidos no presente, fazendo com que nem tudo seja, a principio, esclarecido.

As personagens criadas pela autora são diversas. Temos padres que sambem os segredos dos aldeões por meio das confissões, um protético que rouba os dentes dos mortos e esconde os segredos de sua real sexualidade (que inclusive cuida dos dentes de uma das irmãs), um maestro de ferrado, e até mesmo animais marcantes como a vaca Greta e um grilho batizado com o nome do ditador alemão Adolf Hitler. As galinhas trazem um ar de realismo mágico a obra.
Mais poesia do que prosa, acredito que não é um romance que vá cair no gosto popular, isso porque ele tem uma construção diferente e um andar mais lento. No entanto, agradará amantes de boa literatura.

Até logo,
Pedro Silva


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1 Comentários

  1. Eu terminei de ler com uma dor imensa no coração. Eu amei este livro. Ele tornou-se um dos favoritos. Que escrita maravilhosa dessa autora ♥ Que história incrível! Tão simples e tão perfeita!

    Ainda não consegui resenhar. Preciso por as ideias no lugar para escrever sobre ele.

    Amei sua resenha!!

    Bjksssss

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