Resenha #192: Destino: Poesia - Org. Italo Moriconi

Título: Destino: Poesia
Autores: Ana Cristina Cesar / Cacaso / Paulo Leminski / Torquato Neto / Waly Salomão
Organização: Italo Moriconi
Editora: José Olympio
Edição: 2
ISBN: 8503009838
Gênero: Poesia brasileira
Ano: 2016
Páginas: 160

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RESENHA

Poesia marginal ou Geração Mimeógrafo foi um movimento literário brasileiro surgido entre a década de 1970 e 1980 em contrapartida a censura imposta pela ditadura militar – "tempos de chumbo" como se referiam os poetas da geração. Os livros artesanais, feitos de forma mimeografada e distribuídos pelos próprios autores de mão em mão, por isso "geração mimeógrafo".
A antologia Destino: Poesia, reúne os expoentes da poesia marginal: Ana Cristina Cesar, Cacaso, Paulo Leminski, Torquato Neto e Waly Salomão. Organizada e com apresentação do Italo Moriconi, que inicia a obra familiarizando o leitor com o movimento e dando uma contextualizada geral no período em que os poetas viveram.

Os poemas são em sua maioria com temas mais descontraídos, e até simples que facilitam muito o entendimento, como o poema em uma frase do mineiro Cacaso: "Passou um versinho voando? Ou foi uma gaivota?", da mesma forma que ele cria esse último pequeno, em "O fazendeiro do mar" temos um poema mais longo que fala do que é ser mineiro, brincando com um jogo de palavras repetidas.
Outros possuem uma subjetividade muito forte e que até parece anotações aleatórias em diário como é o caso do "Jornal Íntimo" da carioca Ana Cristina Cesar. Já "Conversa de senhoras" traz um diálogo quebrado, daqueles que ouvimos despercebidamente dos vizinhos. Um do qual gostei da Ana foi o seguinte:


O piauiense Torquato Neto é considerado um dos principais compositores do movimento tropicalista. Teve poemas transformados em músicas e interpretados por cantores como Gal  Costa e Gilberto Gil. Alguns de seus poemas falam de relacionamentos, sejam familiares ou amorosos e lemos, mesmos sem querer com musicalidade. A exemplo de "Let's play that":


Dos poetas, Paulo Leminski era o que mais tinha familiaridade pois já havia lido sua antologia Toda Poesia. Particularmente gosto muito do estilo experimental dele, trazendo poemas em estruturas diferentes e brincando com as formulas, influenciado pela cultura nipônica como os haikais. Dois de seus poemas que gostei:




O baiano Waly Salomão fecha a antologia, sendo ele o que mais viveu. Ele tem o melhor título para um livro "Me segura que eu vou dar um troço", seu livro de estreia. A maioria de seus poemas eu não senti tanta identificação, porém, é um autor que sua figura me intriga e que quero um dia ler outra coisa.
 


No todo, Destino: Poesia serve como uma excelente porta de entrada para o mundo da poesia marginal. Poemas críticos, com temas váriados, partindo do amor, do cotidiano, até chegar a uma critica severa aos padrões. A leitura é valida para não esquecermos daqueles que nadaram contra a corrente, cheios de tanta beleza.

Até logo,
Pedro Silva.

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