Resenha #75: Uma praça em Antuérpia - Luize Valente

Lido em: Maio de 2015
Título: Uma Praça em Antuérpia
Autor: Luize Valente
Editora: Record
Gênero: Romance Histórico
Ano: 2015
Páginas: 364


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Avaliação:    





Resenha:

Irmãs gêmeas, Clarice e Olivia sempre foram unidas, apesar de passarem por uma chegada tumultuada ao mundo. Acontece que já na hora de nascer, no ano de 1916, elas perderam a mãe Josefina, que não resistiu ao parto e acabou falecendo com as gêmeas ainda dentro dela. O pai, Manuel, um homem apaixonado pela esposa, jamais conseguiu demonstrar o mesmo amor pelas filhas, pois acreditava que as meninas eram uma consequência do amor que sentia por sua mulher, o que afetou a criação das meninas. No interior de Portugal, foram criadas pela sogra do Manuel, mas ele nunca deixou nada faltar, exceto o afeto e a demonstração de carinho com as filhas - tanto é que ao morrer, as filhas já com 13 anos, sentiram-se de certo modo contente -, pois iriam ter a única e última chance de abraçar e beijar o pai que agora iria ter a tão desejada felicidade junto a mulher que amava.


As meninas crescem e viram moças bonitas. Olivia casa-se com o Antonio, o jovenzinho que a segurava na hora do parto, e ambos se mudam para a capital de Portugal, Lisboa, num tempo em que o país vivia sob as rédeas do governo de Salazar. Anos depois, com a morte da avó, Dona Bernarda, chega a vez de Clarice partir também para o mesmo destino e lá conhece o judeu e comunista Theodor Zuskinder, O pianista, com quem, depois de alguns empecilhos, viria a se casar.


Pouco mais de três anos depois, já com um filho a completar três anos e um bebê na barriga a caminho, Clarice e Theodor, morando em Antuérpia (Bélgica) e adeptos aos costumes judaicos, jamais imaginariam que, em 1939, a Segunda Guerra Mundial apareceria para atrapalhar os planos de suas vidas. Com os conflitos e a perseguição aos judeus e comunistas, o que resta à essa família é fugir para um país seguro e a partir daí começa a grande peregrinação de Clarice, com uma de barriga de oito meses, o filho Bernado e o esposo, em busca de um pouco de paz. Já em Portugal, Olivia os espera, para partirem juntos ao Brasil, com a promessa de Antonio de bons frutos.

A narrativa do livro é em terceira pessoa com o tempo cronológico, já o espaço se expande em grande maioria à Portugal, Bélgica, França, Brasil, além dos países que a família Zuskinder passa durante a fuga. Os capítulos são bem curtos, mas nem por isso a autora nos poupa dos detalhes, nos mostrando os ótimos resultados de suas pesquisas em descrições magistrais dos ambientes, monumentos históricos e até mesmo os dados temporais que dão uma maior realidade à sua obra, transmitindo o leitor para à época em questão. Outro ponto que dá velocidade à leitura são os finais de capítulos que, quase sempre, terminam de uma forma que é impossível não querer ler os próximos.


Com o livro da Luize Valente, é impossível não se angustiar com as ideias nazistas, o grande preconceito, injustiça e ignorância que essa crença causa em outras pessoas, dos ditos de "raça pura" em relação às minorias. Podemos observar isso em determinados momentos da narrativa, em que até as crianças, filhas de nazistas, acham bonito tratar como vermes os que "não são como eles". Chega a causar ânsia de vômito tal pensamento de superioridade.

Uma Praça em Antuérpia é um daqueles livros que quando você começa a leitura, ele te pega pelo braço e te leva por uma história cheias de altos e baixos, como numa montanha russa, só que aqui, inconstantes são os seus sentimentos, porque a autora consegue escrever tão bem que nos envolver e nos puxa para dentro do seu enredo. Um romance histórico que nos leva à outra realidade, carregado de acontecimentos que mexem com os nossos sentimentos e zona de conforto, que nos tira do sério, que nos faz chorar, rir, chorar novamente, torcer, temer e, apesar das desavenças, nos mostra uma história bonita e inesquecível.

PS.: A história também se passa no Brasil, no entanto, senti que séria melhor não falar muito dessa parte, para que as surpresas que Uma Praça em Antuérpia guarda sejam mais intensas e estimulantes.

Att,
Pedro S.

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12 Comentários

  1. Oi Pedro... Além de ser muito rico em cultura! Adorei sua resenha, inclusive vou adicionar na lista de desejados, eu amo historias de fato histórico. São bem ricos, não que os outros não sejam, eu amo amo ficção cientifica em primeiro lugar depois esses históricos. beijo, Bruna!

    http://vampleitores.blogspot.com.br/

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  2. Oi Pedro! Eu adoro livros que falem sobre a época da Segunda Guerra Mundial, são realmente meus queridos, gosto de saber sobre como as pessoas venciam seus medos e articulavam saídas para suas necessidades básicas, como a fome e a sede. Para mim são de fundamental importância na vida da humanidade e esse vai para minha lista no Skoob.
    Uma bela história deve ser sempre lida com carinho e atenção, para que a memória dos nossos antepassados não se perca.
    Beijo
    http://scraplivros.blogspot.com.br/

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  3. Oie Pedro!

    puxa estou encantada com sua resenha, quero muito ler esse livro gosto de histórias que falam de Guerras e tudo mais. beijão*...*
    http://notinhasderodape.blogspot.com.br

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  4. Vou ser sincera: eu não curto muito esse tipo d eleitura. Mas confesso que me interessei por esse. Sua resenha esta perfeita eme instigou e muito. É um livro muito rico e vale a pena ser agarrado pelo braço e se deixar levar :D
    O Diário do Leitor

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  5. Adorei a resenha, não é muito meu tipo de leitura... mas até que me interessei e estou pensando em compra-lo.
    Bjus, Bai do blog https://blackisthenewhappy.wordpress.com/

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  6. Olá Pedro,
    não conhecia o livro e desde já fico me perguntando se realmente era necessário o autor contar toda a história das irmãs, mas imagino que seja necessário para algum desenrolar da história.
    Este tem dois pontos que me agradam demais 1) uma parte se passa no Brasil e 2) o contexto histórico da época que é explorado. Com certeza seria um dos livros que entrariam na minha lista de compras, caso estivesse comprando livros no momento.
    Gostei muito da sua resenha e aproveito para informar que voltei ao mundo dos blogs e agora é pra ficar (assim espero hahahah)
    Beijão!
    http://alemdasminhasleituras.blogspot.com.br/

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  7. Esse livro é forte, bem escrito instigante. Recebi para resenha, mas não consegui resenha-lo, chorei muito, me envolvi, não sabia ao certo como me posicionar. então encaminhei para Mandy, resenhista do Poesia na alma, que quando começou o livro, já foi dizendo que achava que ficaria com ressaca literária.
    http://www.poesianaalma.com.br/

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  8. Oi Pedro!!!
    Sua resenha esta muito boa, apesar de não ser meu gênero favorito, fiquei bem curiosa com a história contada pelo autor e claro pelos fatos históricos, que é sempre bom conhecer um pouco mais.
    Parabéns!!!
    Juh - Surtos da Juleka

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  9. Oiee ^^
    Gosto muuito de livros que se passam em épocas mais antigas, principalmente quando há algo relacionado à Segunda Guerra Mundial, acho super interessante. Não sei se já tinha visto esse livro antes, mas com certeza vou lê-lo depois da sua resenha, fiquei curiosa para conhecer essas surpresas *-*
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  10. NEM TINHA VISTO QUE TU JÁ TINHA RECEBIDO ELE AIUSDHAIUSHDAIUSDH Mas sem palavras para descrever esse livro, muito orgulho da literatura brasileira nessas horas <3

    http://escritoseestorias.blogspot.com.br/

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  11. Este livro está me tirando o sono! kkkk brincadeira. Mas fiquei muito interessada por ele assim que vi a divulgação em um instagram que eu sigo. Depois disso todas as resenhas que venho lendo tem me deixado curiosa para ler. Adorei sua escrita.

    Abraços!
    Pensamentos Valem Ouro

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  12. Olá!
    Assim que olhei a capa do livro, pensei não vou gostar. Mas depois que li a sua resenha vi que a história é muito boa e fiquei curiosa pra saber se Clarice e Theodor vão conseguir chegar ao seu destino e viver em paz. Deve ter muita emoção nesse livro.
    Adorei a resenha.
    Beijinhos!
    http://eraumavezolivro.blogspot.com.br/

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